Do estrangeiro continuam a chegar à banca e aos agentes imobiliários, muitas perguntas sobre a possibilidade de residir em Portugal
O sector do imobiliário acredita poder ser um dos primeiros a sair da crise, apesar da ausência de atividade em abril.
O presidente da Associação dos Profissionais das Empresas de Medicação Imobiliária (APEMIP), Luís Lima, revela à Renascença que do estrangeiro continuam a chegar muitas perguntas sobre a possibilidade de residir em Portugal.
“Se a questão da saúde nos correr bem”; isso pode ajudar o sector do imobiliário, porque “está a haver uma serie de perguntas, nomeadamente de estrangeiros, pessoas de uma determinada idade – e até de nacionalidades que eu julgava que não íamos recuperar – que pensam, mais tarde ou mais cedo, vir residir para cá”, diz Luís LIma.
“Eu não gosto de dizer isto, porque não é com o mal dos outros que eu gosto de vencer, mas aquilo que aconteceu em Espanha e em Itália, que são concorrentes directos nossos.pode-nos acabar por ajudar”; esclarece o presidente da APEMIP.
Lima revela manter contacto com os “principais bancos estrangeiros em Portugal” de quem recebeu “na parte final do mês de Abril, informações com dados muito concretos sobre pedidos que estavam a ser formulados” para eventual de aquisição de casa no nosso país.
Alguns dos pedidos de esclarecimento chegaram do Brasil e da França, para surpresa” de Luís Lima. “Tinha alguma dúvida, por causa da questão da saúde e da insegurança”.
O presidente da APEMIP aponta o caso brasileiro: “Está a correr tão mal para eles que eu tenho grandes indicações que eles querem, no futuro, quando for possível, continuar a investir aqui.”
“Há outros países que estão a fazer perguntas, como os Estados Unidos, o Canadá, e um que a mim me surpreendeu muito como é o caso da Malásia”, acrescenta.
“Nós temos que fazer aquilo que fizemos bem no tempo da ‘troika’, que é pegar na malinha e vender o país. Foi isso que fizemos na altura e fizemo-lo bem”, defende, reforçando: “Se nós temos capacidade para fixar residência, é sinal de que existe capacidade financeira e isso até pode ajudar a abrir rota para o turismo que, infelizmente, deverá demorar mais tempo – um ano ou dois – a iniciar a sua retoma”.
Mas este não é o único factor que leva Luís Lima a acreditar na rápida retoma do sector do imobiliário. O presidente da APEMIP sustenta que a situação actual é bem diferente da que se viveu na crise financeira de 2008, onde havia excesso de oferta no mercado e falta de liquidez financeira por parte dos potenciais investidores. Pelo contrário, agora, “não há excesso de oferta, o que levaria a um decréscimo do valor do imóvel, e a questão do endividamento que agora não tem a dimensão anterior”.
Abril “parado”
Em Abril, o inquérito às empresas revelou uma suspensão quase a cem por cento de actividade.
De acordo com o estudo da APEMIP, 50% das empresas inquiridas suspenderam totalmente a sua atividade e em 45,8% esta suspensão foi parcial. 95,3% indicaram uma quebra do volume de negócios em Abril e uma quebra da procura na ordem dos 92,5%.
Ainda de acordo com o inquérito, 62,7% das empresas revelam a desistência dos clientes de negócios que estavam em curso e 19,8% destes chegaram mesmo a desistir da compra após celebração do Contrato de Promessa de Compra e Venda.
Estes são dados não surpreendem o presidente da APEMIP. Luís Lima recorda que “desde o inicio do Estado de Emergência, que não podíamos ter contacto com o público e. não tendo contacto com o público, dificilmente poderia haver negócios”.
O Inquérito realizado on-line, decorreu entre 28 de abril e 4 de maio e contou com a participação de cerca de 4000 empresas de mediação imobiliária licenciadas a operar em Portugal.
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